sexta-feira, dezembro 30, 2005

o solitário e a exilada

- Acho a solidão irresistivelmente prazeirosa mas abandono-a quando quero..
- Enquanto tiveres os teus livros do Harry Potter ou as tuas colectâneas de pintores desde
Van Gogh até ao teu preferido Klimt, e os cds de música pirateados no rádio da mesinha de cabeceira.. enquanto estiveres rodeada disto tudo não estás verdadeiramente sozinha pois não?
- É isso mesmo... e tenho um terére de cinco cores, é grande, o meu grupo favorito são as "l7" e ultimamente sempre que saio é para o B.A., quando não estou exilada..
-Sim porque a isso chama-se exílio e não solidão...O.K. não quero saber mais...
- Porquê?
- Porque queria mesmo descarregar hormonas e se continuas a falar de ti ficamos com uma má química porque não temos nada em comum e sabes que uma boa química não anula o sexo mas uma má química sim..
- Mas pensava que era possível haver sexo sem química, assim como o exílio não precisa da solidão..
- Sim mas esqueces-te de que a solidão potencia o sexo e o exílio a química, logo se tu não és solitária mas sim exilada diria que és adepta da química tou errado?
- Não tens toda a razão, e uma má química em mim iria resultar numa anulação sexual por completo, com sorte batia-te uma hehehehehehe...
- Assim prefiro continuar com uma química nula do que descobrir - e é o mais provável - que temos uma química má... não é que isso a mim me interferisse com o sexo mas contigo provavelmente o melhor é termos sexo com uma química nula que já se adequa mais ao exílio...
- O.K. não falemos mais, podemos antes pôr este refrão no repeat...
E assim ao som daquele refrão despiram-se, o solitário e a exilada e foderam livres de dialécticas e enquanto adormeciam cansados ainda se ouvia no rádio: Pussy pussy pussy marijuana pussy pussy pussy marijuanaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaaa.

quarta-feira, dezembro 28, 2005

o virtuoso, o moço que é uma jóia e os badalhocos *


O que os diferentes pontos de vista têm de bom é poderem contribuir para a verdade e esta verdade que aqui escrevo à boca cheia é como a democracia: cada um tem a sua e todos nós partilhamos no fundo um e único cenário ou como os políticos tanto gostam de lhe chamar, conjuntura de factos. No fundo o virtuoso, a jóia e os badalhocos partilham os mesmos defeitos e atitudes dependendo somente do tempo que lhes é dado. Penso que um badalhoco hoje poder-se-á tornar uma jóia amanhã porque a diferença entre ser virtuoso e estar virtuoso existe.
Isto para dizer que tal como em democracia também eu invoco o meu direito de resposta:
e então fiquemo-nos pelos factos: o irmão da tia mila o jaime disse: eu só ajudo se os outros ajudarem, não foi por isto que lavei loiça fiz filhoses ou serrei lenha mas sim pela estaca de ferro que senti espetar-se no coração da minha adorada titi enquanto pensava: um badalhoco tá a dormir, coitado tava cansado do trabalho, o outro tem o gado para tratar, a este doem-lhe os ossos a minha filhota só chega à noite e o jantar ainda nem começou a ser feito... quem então vai ser a jóia virtuosa que se disponibilizará a trabalhar enquanto organizo e penso em tudo o que ainda tem de ser feito? obviamente fui eu que senti a dor alheia. O trabalho não me mete medo e invoco agora essa escritora do virar do século vinte Catherine Something e que escreveu os Pioneers um livro sem a mínima ponta de tesão, aliás quando lhe perguntavam - à Alexandra Bergshaw - se ia foder ela respondia que não que ia sachar e do qual a única lição que retirei foi de que o torpor é morrer e que a vida reside na luta, curiosamente era a sua amante quem lhe batia os livros à máquina mas a democracia é isso mesmo, a artista estava demasiado ocupada a pensar para ser ela própria a bater os seus livros...
p.s.: também comi azevias, e estavam bem boas, fui eu que as fiz.